“Dia 21 de setembro de 1893, correu a notícia da entrada no porto de São Francisco de dois navios de guerra revolucionários. Imediatamente foram enviados mensageiros para alertar todos os colonos da redondeza. O Corpo de Bombeiros, a Sociedade Ginástica e a Sociedade de Atiradores reuniram-se em defesa da cidade”. – (CarlosFicker – 1965 – Pg. 342).

Conheça mais..

História

A Revolução Federalista (1893-1895), foi uma guerra civil gaúcha disputada entre os federalistas (maragatos) e os republicanos (pica-paus).

Acampamento do contigente revolucionário acampado no Km 01 da Estrada Dona Francisca. No cavalo o General Gumercindo Saraiva.

Ela ocorreu durante o governo de Floriano Peixoto e representa uma das mais violentas e sangrentas revoltas travadas no sul do Brasil.

A revolução durou dois anos e meio, de fevereiro de 1893 a agosto de 1895.

Os revolucionários junto à Alameda Brüstlein (Rua das Palmeiras), onde lhes eram servidas as refeições fornecidas pela cidade

A Revolução Federalista foi uma guerra civil ocorrida na Região Sul do Brasil entre 1893 e 1895, poucos anos após Proclamação da República.

Acampamento de soldados federalistas em Joinville junto ao Moinho de Mate do Dr. Abdon Batista.

O conflito originou-se da crise política gerada pelos federalistas, grupo opositor ao governo de Júlio de Castilhos, então presidente do Rio Grande do Sul, e buscava conquistar maior autonomia e descentralizar o poder da então recém proclamada República.

Os revolucionários junto à Alameda Brüstlein (Rua das Palmeiras), onde lhes eram servidas as refeições fornecidas pela cidade

REVOLUÇÃO FEDERALISTA EM JOINVILLE. 1.

(texto de Arthur Virmond de Lacerda)

Principio série de publicações que têm por tema o da epígrafe.

I – Apresentação. Cronologia.

II – Fontes primárias:

a) Reminiscências de Alexandre Doehler.

b) Epístola de Félix Heinzelmann.

c) Memorial de Laurentino Pinto Filho.

III – Documentário:

a) Aviso de alerta.

b) Nota de fornecimento.

c) Um boletim.

d) Telegrama do coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro.

e) Ofício do coronel Arthur Antunes Maciel.

f) Proclamação do coronel Gumercindo Saraiva.

g) Telegrama de José Gomes Pinheiro Machado.

h) Telegrama de Abdon Baptista.

i) Outro boletim.

j) Intimação.

k) Anedota de Gumercindo Saraiva e Abdon Baptista.

IV – Pormenores:

a) Marco lítico.

b) Dous grêmios.

c) Passos de Ângelo Dourado. Sobre Joinville. Sobre Abdon Baptista.

I – Apresentação.

Os anos de 1893 a 1895 assinalaram-se por dois movimentos insurrecionais, ambos de oposição ao governo do Marechal Floriano Peixoto, cuja deposição anelavam:

(a) No sul, a Revolução Federalista, por terra, encabeçada pelos coronéis Gumercindo Saraiva, Aparício Saraiva, Antonio Carlos da Silva Piragibe, José Serafim de Castilhos (vulgo Juca Tigre), Torquato Severo e outros; abarcou movimentos de tropas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com presença delas em Joinville. Ela iniciou-se aos 2 de fevereiro de 1893.

(b) Na cidade do Rio de Janeiro (então capital federal) a Revolta da Armada, encabeçada pelo almirante Custódio de Melo, compreendeu operações navais na baía da Guanabara e na costa do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná, com desembarques em São Francisco do Sul e no porto fluvial de Joinville. Ela iniciou-se aos 6 de setembro de 1893.

Os revolucionários, chamados federalistas, foram alcunhados maragatos; já os governistas ou legalistas ou florianistas foram cognominados de pica-paus.

Há duas fontes primárias relacionadas com a presença da Revolução Federalista em Joinville, em jeito de crônicas de testemunhas oculares:

1. Reminiscências de Alexandre Doehler, então integrante do Corpo de Bombeiros de Joinville, reproduzidas em Álbum Histórico do Centenário de Joinville(Joinville, 1951, vários autores) e, parcialmente, em História de Joinville (de Carlos Ficker; 2ª edição, 1965, da página 341 à 349).

2. Epístola de Félix Heinzelmann, comandante do Corpo de Bombeiros de Joinville à data dos sucessos, para sua mana Marta Jaehhe, em Stralsun (Alemanha), datada de Joinville, 13 de junho de 1894; acha-se transcrita integralmente em tradução, em Revolução Federalista 1893-1894 em Joinville, de Raquel S. Thiago.

O presente trabalho sumula essas fontes, no que respeita a Joinville (não literalmente e consoante à seqüência de matérias em que elas foram redigidas, com ligeiras adaptações, a bem da clareza e da concatenação de seu conteúdo); transcreve documentos cronologicamente, com algumas glosas[1], registra pormenores.

Todas as notas são de minha autoria.

Cronologia.

21 de setembro de 1893: o República e o Palas, navios maragatos, adentram o porto de S. Francisco[2].

22 de setembro de 1893: chega a Joinville notícia de que os navios revoltosos República e Palas haviam aportado em S. Francisco[3].

12 de outubro de 1893: maragatos adentram Joinville[4].

1º de novembro de 1893: coronel Piragibe chega a Joinville com suas forças, originário de S. Francisco do Sul[5]. Inicia-se o patrulhamento de Joinville por integrantes do Corpo de Bombeiros e da Sociedade Atiradores de Joinville[6].

2 de novembro de 1893: coronel Piragibe abala de Joinville com suas forças[7]. Chegam a Joinville o vapor Dona Francisca e uma pinaça que transportavam magote de marinheiros do navio República[8].

23 de novembro de 1893: o coronel José Serafim de Castilhos (Juca Tigre) chega a Joinville com seus homens[9].

2 de dezembro de 1893: o coronel Aparício Saraiva e sua hoste chegam a Joinville[10].

3 de dezembro de 1893: o coronel Gumercindo Saraiva e suas forças adentram Joinville[11].

26 de janeiro de 1894: o coronel Gumercindo Saraiva e suas forças partem de Joinville rumo de Tijucas. Finda o patrulhamento exercido pelos Bombeiros e pelos Atiradores[12].

Junho de 1894: o capitão governista Gouveia e seus homens adentram Joinville[13].

[1] Todos os documentos provêm do Arquivo Histórico de Joinville, Coleção Carlos Ficker, série Conselho Municipal, Registro da Revolução de 1893/1894, embalagem 3, prateleira 35. O documentário de tal embalagem contém nominatas de lavradores que forneceram cavalos para as tropas maragatas, ofícios da intendência de Joinville, manuscritos em português e alemão, dois boletins impressos em alemão e português, um salvo-conduto, um ofício do cônsul da Alemanha ao presidente da câmara municipal de São Bento (em português) e outros papéis em português e em alemão.

[2] Oswaldo Cabral: Santa Catarina, p. 317. Sedinei Sales Rocha, Lama vermelha, p. 52.

[3] Alexandre Doehler: Revolução de 1893, in Álbum histórico do centenário de Joinville, p. 225; Heinz Heinzelmann: carta de 13 de junho de 1894, in Raquel S. Thiago, Revolução Federalista em Joinville.

[4] P. Torrens, Notícia(Joinville), de 25 de maio de 1969.

[5] Alexandre Doehler: Revolução de 1893, in Álbum histórico do centenário de Joinville, p. 226; Heinz Heinzelmann: carta de 13 de junho de 1894, in Raquel S. Thiago, Revolução Federalista em Joinville. Sedinei Sales Rocha, Lama vermelha, 51.

[6] Alexandre Doehler: Revolução de 1893, in Álbum histórico do centenário de Joinville, p. 229.

[7] Alexandre Doehler: Revolução de 1893, in Álbum histórico do centenário de Joinville, p. 227. Por lapso, consta “2 de Setembro”, onde somente pode ser 2 de novembro. Heinz Heinzelmann: carta de 13 de junho de 1894, in Raquel S. Thiago, Revolução Federalista em Joinville.

[8] Sedinei Sales Rocha, Lama vermelha, p. 54 e 55.

[9] Alexandre Doehler: Revolução de 1893, in Álbum histórico do centenário de Joinville, p.228; Heinz Heinzelmann: carta de 13 de junho de 1894, in Raquel S. Thiago, Revolução Federalista em Joinville.

[10] Heinz Heinzelmann: carta de 13 de junho de 1894, in Raquel S. Thiago, Revolução Federalista em Joinville.

[11] Heinz Heinzelmann: carta de 13 de junho de 1894, in Raquel S. Thiago, Revolução Federalista em Joinville.

[12] Alexandre Doehler: Revolução de 1893, in Álbum histórico do centenário de Joinville, p. 229.

[13] Alexandre Doehler: Revolução de 1893, in Álbum histórico do centenário de Joinville, p. 231.

Fonte